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 O curso e sua história

​"Ocupamos um local privilegiado na sociedade: recepcionamos os que nela ingressam”. Ruth Osava
O início

 

Os cursos de Obstetrícia já existiram no Brasil, mas foram extintos no início da década de 1970, época em que a formação de obstetrizes passou a ser responsabilidade exclusiva das escolas de enfermagem no Brasil. Em São Paulo, essa transformação ocorreu em 1971, quando a Escola de Obstetrícia, anexa ao Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi integrada à Escola de Enfermagem dessa Universidade. Uma justificativa para tal transferência foi o parágrafo único do artigo 6º do Estatuto da Universidade, que não admitia a “duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes no mesmo município”. Esse princípio se mantém no artigo 11º do atual Estatuto da Universidade de São Paulo.

 

Entre 1971 e 1975, a Escola de Enfermagem manteve alunos nos cursos de graduação em enfermagem e em obstetrícia; porém, com as modificações decorrentes da Resolução nº 4/72, do Conselho Federal de Educação, os dois cursos foram fundidos sob a denominação de Curso de Enfermagem e Obstetrícia. Mas, como as transformações necessárias no modelo de atenção à mulher e à família no processo reprodutivo têm sido também objeto de políticas nacionais no âmbito da saúde, ressurge o Curso de graduação em Obstetrícia na EACH no ano de 2005.

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Non Nova, Sed Nove

 

O curso de Obstetrícia foi recriado em 2005 na Universidade de São Paulo (USP) no campus da EACH - Escola de Artes, Ciências e Humanidades. O propósito é formar profissionais capacitados (Obstetrizes) para cuidar da saúde de gestantes, parturientes, puérperas, recém-nascidos e familiares, buscando promover e preservar a normalidade do processo de nascimento, atendendo as necessidades físicas, emocionais e socioculturais das mulheres em instituições de saúde públicas e privadas (maternidades, centros de parto normal, casas de parto, ambulatórios, unidades básicas), instituições de ensino e domicílios.

 

Obstetrizes são formados e qualificados para:

 

- Fazer a promoção da saúde da mulher, sem que esta esteja necessariamente no período gravídico-puerperal;
- Defender os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres;
- Realizar o pré-natal;
- Prestar assistência à mulher durante o trabalho de parto;
- Fazer o parto normal, preservando sua normalidade e realizando intervenções necessárias, como a episiotomia, por exemplo; 
- Acompanhar a recuperação da mulher depois do parto;
- Acompanhar o bebê no período perinatal e neonatal;
- Orientar sobre amamentação;
- Reconhecer as dimensões físicas, emocionais e socioculturais que integram a vida das pessoas e afetam o processo reprodutivo, determinando ações curativas e preventivas;
- Atuar em equipe multiprofissional (médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde);
- Intervir de forma a melhorar programas que englobem os temas saúde da mulher e direitos sexuais e reprodutivos, ou seja, atuar no ramo de políticas públicas de saúde.
- Refletir sensivelmente e analisar criticamente a real situação de assistência à saúde da mulher, para propor ações criativas que solucionem os problemas encontrados, levando em conta o perfil epidemiológico, os fatores sociopolíticos e culturais, a tecnologia e os equipamentos disponíveis e necessários para a prática profissional.

 

O futuro

 

Atualmente os índices de cesariana no Brasil excedem o que é preconizado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde do Brasil. Essas taxas aumentam ainda mais quando falamos do serviço privado de saúde. Essa condição traz muitas consequências ao quadro de morbidade e mortalidade materna e de recém-nascidos, aumentando dessa maneira os custos em saúde.

 

O profissional formado em Obstetrícia tem como função auxiliar a reverter esse quadro, diminuindo os índices de cesariana e, consequentemente, reduzindo os índices de mortalidade materna e infantil. Para isso, atuará no pré-natal, prestando uma assistência qualificada, de modo a garantir a saúde materna e fetal, preocupando-se em proporcionar uma atenção individualizada a cada gestante e respectivos familiares, com a finalidade de estar sempre pronto para tirar qualquer tipo de dúvidas referente à via de parto, sobre a própria gestação, sexualidade, entre outros temas, além de estar apto a identificar qualquer tipo de problema que possa acontecer durante o período gravídico.

 

Também, atuará no parto, mostrando para as mulheres todos os benefícios de um parto natural (algo muito longe da realidade atual), fazendo com que possam acreditar que elas têm a capacidade de dar à luz a seu filho de um modo natural, proporcionando um parto que possa representar uma experiência prazerosa, desmistificando a idéia de parto normal como um evento que traz sofrimento. Auxiliará a mudar as práticas nas próprias instituições de saúde por preconizar prioritariamente o parto normal, mantendo atitudes que o promovam, o que contribuirá para reduzir os custos e os índices de partos operatórios e de intervenções desnecessárias.

 

O Obstetriz tem uma importante função depois do parto, prestando um serviço que visa garantir a saúde da mãe e do recém-nascido no contexto da família e da comunidade. Para isso, deve avaliar possíveis problemas típicos desse período, reduzindo assim as taxas de morbidade e mortalidade, que também são elevadas nesse período.

 

Podemos entender que o profissional formado em Obstetrícia possui um grande desafio pela frente, que vai muito além do que propor uma nova maneira de parir. A sua presença auxilia a mudança de uma cultura assistencial, que hoje está voltada para a cesariana, para o parto medicalizado, para a hospitalização e para o uso desnecessário de intervenções custosas e, na maioria das vezes, mais prejudiciais do que benéficas. Essas razões justificam a demanda real e necessária por este profissional no mercado de trabalho.

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